Em 17/04/2024
O Senado aprovou em dois turnos a proposta de emenda à Constituição que criminaliza a posse e o porte de qualquer quantidade de draga ilícita. De autoria do Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a PEC seguirá agora para análise da Câmara dos Deputados.
O Senado aprovou, nesta terça-feira (16Abril2024), a proposta de emenda à Constituição que criminaliza a posse e o porte de qualquer quantidade de droga ilícita.
O texto, que segue para análise da Câmara dos Deputados, prevê que caberá à autoridade pública definir, de acordo com o caso concreto, se a pessoa flagrada com a substância ilícita responderá como traficante ou usuário.
Nesse último caso, ela será condenada a pena alternativa à prisão e encaminhada para tratamento contra dependência.
Delegado de polícia, o senador Alessandro Vieira (Foto acima), do MDB de Sergipe, se posicionou favoravelmente à PEC. Na opinião dele, discutir esse assunto apenas do ponto de vista do usuário, como quer o STF, revela a dificuldade de enxergar o problema como um todo, como o fortalecimento do tráfico e suas consequências decorrentes de eventual descriminalização da posse para uso pessoal:
(Senador Alessandro Vieira) “Só o consumo, é hipocrisia. É aquela coisa de quem está na varanda de um apartamento, num bairro rico, pensando num cigarrinho de maconha, e não tem de conviver com a boca de fumo na esquina de casa, porque recebe um delivery, que hoje nós temos infelizmente. Não tem de conviver com a pressão armada do tráfico“.
Médico psiquiatra, o senador Humberto Sérgio Costa Lima (Foto acima), do PT de Pernambuco, afirmou que a PEC não vai resolver os problemas relacionados ao uso de drogas. Para ele, a política punitivista e repressiva é ineficaz e gera o encarceramento excessivo. Por isso, essa questão deve ser enfrentada por meio do combate às grandes organizações criminosas associadas ao tráfico e também pela oferta de tratamento humanizado ao usuário.
(Senador Humberto Costa) “Aqui fala em separar usuário de traficante, mas na prática não faz isso, porque admite pena para quem é usuário ou dependente. Penal alternativa, obrigatoriedade de tratamento. Isso já é uma punição. Essas pessoas deixam de ser rés primárias, para serem pessoas com antecedentes criminais“.
O relator, senador Efraim de Araújo Morais Filho (Foto acima), do União da Paraíba, lembrou que o texto não predudica quem faz uso de medicamentos a base de cannabis.
(Senador Efraim Filho) “Nos casos de quem faz uso medicinal, autorizado pela justiça e autorizado por autoridade médica, a PEC não vai ser impeditiva nem proibitiva de que as pessoas continuem fazendo a utilização“.
Aprovada em dois turnos pelo Senado, a PEC segue agora para a Câmara dos Deputados.
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