Caixa-preta do Voepass gravou gritos e copiloto sugerindo ‘dar potência’ à aeronave

Em 16/08/2024

Tempo de leitura: 3 minutos

O gravador de voz da cabine do avião ATR-72 que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (09Agosto2024) registrou conversas do copiloto sobre “dar potência” à aeronave minutos antes da queda, além de gritos na aeronave.

O acidente provocou a morte de todos as 62 pessoas que estavam na aeronave operada pela Voepass, antiga Passaredo, incluindo os quatro tripulantes.

As cerca de duas horas de transcrição foram feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Centro de Investigação e Prevenção e Acidentes (Cenipa), vinculado à Força Aérea.

Segundo os investigadores, a análise preliminar dos dados indica que o ATR 72-500 perdeu altitude de forma repetina. E que a análise do áudio da cabine, sozinha, não é capaz de cravar uma causa aparente para a queda.

Conversa do copiloto, gritos e estrondo

A transcrição do áudio da caixa-preta mostra que, ao perceber que o avião estava perdendo sustentação, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva perguntou o que estava acontecendo.

Disse que era preciso “dar potência” – uma tentativa de estabilizar a aeronave e impedir a queda. O que, infelizmente, não foi possível.

Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo. Neste tempo, segundo os investigadores, o áudio registra que a tripulação tentou reagir.

A gravação é finalizada com gritos e com o estrondo do choque da aeronave contra o chão.

Causa ainda é investigada

O ATR 72-500 tem as hélices da parte de cima da fuselagem, muito próximas da cabine de comando.

O que, segundo investigadores, provocou muito barulho e aumentou a dificuldade para decifrar os diálogos gravados.

Mesmo assim, em uma análise preliminar, o Cenipa não identificou sons característicos de alertas que poderiam “guiar” a investigação sobre as causas: o alarme de presença de fogo, de falha elétrica ou de pane no motor, por exemplo.

Os dados da caixa-preta, nessa primeira avaliação, ainda não permitem confirmar ou descartar a principal hipótese levantada pelos especialistas nos últimos dias: a de que o avião teria caído em razão da formação de gelo nas asas, seguida de uma perda de estabilidade (“estol”, no jargão).

O piloto

Danilo Santos Romano, de 35 anos, era o comandante do avião turboélice de passageiros, modelo ATR-72, que sofreu um trágico acidente nesta sexta-feira (09Agosto2024) em Vinhedo, São Paulo.

Palmeirense roxo e considerado um excelente aviador, ele possuía mais de dez anos de experiência na área, segundo informações de seu perfil no LinkedIn.

O comandante pilotava diversos tipos de aeronaves, incluindo modelos Airbus A320 e A330, e já havia operado em rotas internacionais.

Sua dedicação à profissão era notável, e ele era admirado por sua competência e profissionalismo.

Confira a descrição do piloto no LinkedIn:

Sou Comandante de ATR72 na VOEPASS Linhas Aéreas, uma companhia aérea regional brasileira que opera mais de 200 voos por dia para mais de 50 destinos. Com mais de 10 anos de experiência na indústria da aviação, já pilotei diversos tipos de aeronaves, incluindo Airbus A320/A330, em rotas domésticas e internacionais.

Minhas principais competências incluem aviação comercial, pilotagem e segurança de voo. Tenho bacharelado em Aviação Civil pela Universidade Anhembi Morumbi e possuo uma licença de Piloto de Linha Aérea emitida tanto pela FAA quanto pela ANAC. Também sou certificado pela CAE e pela Airbus para cursos recorrentes e atuais no A320. Como Comandante de ATR72, sou responsável pela segurança dos passageiros, carga e tripulação, bem como pela manutenção da aeronavegabilidade do avião, para proporcionar um voo seguro, eficiente e econômico. Sou apaixonado por aviação e comprometido em oferecer o melhor serviço aos nossos clientes e parceiros“.

 

 

 


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